sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ensaio-O caso do Fiscal Federal

O caso do Fiscal Federal
Esse caso quem me contou foi um amigo meu, que é fazendeiro aqui em Rio Piracicaba. Uma tarde ele estava trabalhando em seu curral, humilde, de roupa rasgada, sujo de bosta de vaca, quando um Fiscal Federal chegou, parou o carro federal e desceu. Bem vestido, óculos escuros, cara fechada de Fiscal Federal, disse assim para meu amigo, sem nem ao menos falar um boa tarde:



- Preciso inspecionar sua fazenda para verificar se não tem nenhuma irregularidade ambiental ou sanitária na sua plantação e nos seus animais!



O meu amigo fazendeiro então respondeu:



-Irregularidade seu moço? Que absurdo seu moço! Somos todos gente honesta e trabalhadeira, e só andamos dentro da lei!


E o fiscal, com uma arrogância federal, falou:


-Mesmo assim vou averiguar, é minha obrigação e o senhor está sujeito às penas da lei se dificultar o meu trabalho!



O meu amigo fazendeiro fez uma cara preocupada e disse:


-Sim senhor, mas o senhor espera um pouquinho que eu vou acabar aqui e levo o senhor, só para eu não ter que parar a tirada do leite pela metade.



O fiscal, se sentindo ofendido em sua autoridade federal, e cheio de arrogância e indignação, disse:



-O senhor ainda não sabe com quem está falando? Não sabe que tenho o poder do governo federal comigo?



E, tirando do bolso uma carteira federal mostrou ao meu amigo fazendeiro dizendo:


-Esta carteira me dá autoridade de parar qualquer um, de carro na estrada a qualquer cidadão que eu considerar suspeito, o senhor me respeita ou pode ir até preso.



Meu amigo então humildemente achou prudente não argumentar mais nada e deixar o fiscal fiscalizar sozinho, mas antes fez uma recomendação, quase em tom de aconselhamento:



- Não vai naquele pasto cercado ali não, lá o senhor me chama que eu levo o senhor. E apontou para certa área.



O homem então com um tom ainda mais indignado e ameaçador respondeu assim ao conselho de meu amigo:



- Posso ir onde quero e entrar em qualquer propriedade... Não preciso responder a nenhuma pergunta nem pedir autorização. O senhor não reparou direito na minha carteira com o símbolo federal? Está claro? Fiz-me entender agora?



O meu amigo fazendeiro todo educado pediu desculpas e voltou para o que estava fazendo. Poucos minutos depois ele ouviu uma gritaria e viu o fiscal do governo federal correndo feito um doido para salvar sua própria vida, perseguido pelo boi “Preto Serapião”, o touro reprodutor da fazenda. A cada passo o touro ia chegando mais perto do fiscal, que parecia que seria chifrado antes de conseguir alcançar um lugar seguro. O fiscal corria apavorado, tropeçando todo desengonçado e gritando socorro. O meu amigo fazendeiro, muito mineiramente e muito educado e prestativo, largou suas ferramentas, correu para a cerca e então gritou com todas as forças de seus pulmões:



- A carteira... Mostra a carteira pra ele que ele para!






Roberto C. G. Nascimento (Betão).
Jornalista Reg. Profissional
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